Friday, October 31, 2008

Feitiços nocturnos

Elas andam à solta, nesta sexta-feira diabólica, pelo menos no nosso imaginário. Vários são os mitos, acreditando-se que em noite de lua cheia, nos cheguem de vassouras voadoras, dando início à época de magia e rituais mais ocultos. Originalmente comemorado nos países anglo-saxónicos, o dia das bruxas depressa ganhou adeptos por todo o lado, quando crianças usando máscaras, saem pelas ruas pedindo doces, de porta em porta. Trick or treat? Talvez um creme de abóbora obrigada.

Thursday, October 30, 2008

Virar a página

Com o mundo farto de transitoriedade, eis que ele aí está, prestes a chegar. No combate ideológico, de uma eleição quase universal, definitivamente ele representa a mudança de paradigma. E quando a falta de esperança não nos deixa melhorar, é preciso escutar-lhe a voz, e o empolgamento do discurso, com a promessa de um sonho, rumo à presidência. Irresistivelmente Obama!

Wednesday, October 29, 2008

Fazes-me falta

Em nome da tua ausência
Construí com loucura uma grande casa branca
E ao longo das paredes te chorei

In the name of your absence
I built with madness a large white house
And wept all along its walls for you



Sophia de Mello Breyner Andresen
Translated by Richard Zenith

Monday, October 27, 2008

A magia das palavras


Não contei, mas ao todo deviam andar à volta duns 40, a rondar os 10, ou 11 anos de idade. Sensível à sonoridade das palavras, sorvia-as de cada uma daquelas crianças, uma a uma até final. Os primeiros a apresentar-se foram o Fábio e a Francesca, que leram parte de um conto por eles escrito o ano passado. Seguiram-se-lhes o Gonçalo, a Laura, o Tomás e tantos outros. Num momento em que por vezes, a língua tende a descaracterizar-se, de uma forma ordenada e exemplar, cada um através de pequenos textos ou poemas, veio dar corpo à própria imaginação, num exercício criativo absolutamente de louvar. No dia escolar das bibliotecas, estão de parabéns o professor Joaquim Veiga, e as professoras de Língua Portuguesa Marta Cirne e Isabel Pina, da Escola Dr. Francisco Cabrita, que contribuíram para o êxito desta iniciativa, da qual adorei participar. Termino com o registo do pequeno Raphael, que não deixou ninguém indiferente:

Vejo uma sombra que trespassa nos meus olhos e ao passar
sinto dor e mágoa dentro de mim.
Essa dor lembra-me o sofrimento
a mágoa faz-me lembrar quando
uma pessoa que gostamos muito desaparece.
Ao lembrar-me dessas coisas, vou
escrevendo palavra a palavra o
que sinto quando isso me acontece.
Mas, se um dia me lembrar de
outras coisas, possa ser que volte
a escrever, mas desta vez
a pensar nas coisas que me fazem
escrever com a minha sombra.

Sunday, October 26, 2008

O almoço

Já estava marcado há algum tempo, e nenhuma falhou. À volta da mesa entre uma salada de alface e romãs, com molho de iogurte, e uma nutritiva pasta de courgettes, abordámos o quotidiano e as derrocadas da vida, os colapsos emocionais e as dificuldades afectivas, a juventude perdida e o momento que vivemos. Voltamos a levantar-nos, e dirigindo-nos ao buffet, desta feita experimentamos um menu diferente – uma fatia de tarte de legumes, e uns pastelinhos, que tento adivinhar de que são, acompanhados de grão-de-bico, e de um esparguete fininho com leguminosas. Afinal todas as estatísticas indicam que seguindo uma dieta vegetariana, as incidências de doenças cardíacas, cancro e osteoporose são bastante mais reduzidas. A densidade dos nossos dias volta de novo à baila. Continuando a concentrar-nos nos afectos, falamos do que sentimos uns pelos outros, na incomunicabilidade de sentimentos, na natureza moral, e na intuição. De costas voltadas para o passado dizemos o que queremos para nós agora, e de toda uma carga dramática de que por vezes se revestem as nossas anónimas existências. Gelatina de laranja e um café fecham a sessão. Entretanto a Lena seguiu para um lanche de aniversário em família, e a Lurdes e eu ainda fomos assistir a um teatrinho infantil intitulado «O esqueleto do cozinheiro Akli» na Biblioteca Municipal, antes de regressarmos cada uma a suas casas. O que se nos escapou, o que sabemos, e o que nos transcende servirá de pretexto para um outro encontro, a realizar-se em breve entre as três.

Saturday, October 25, 2008

Convicções

A maior certeza que tem hoje:
A de que estamos no mundo
Por empréstimo.
Mas não por acaso.



David Mourão-Ferreira

Thursday, October 23, 2008

O enigma

Na passada segunda-feira recebi um sms, da parte de uma jovem, que fornecendo-me o nome da sua mãe, me desafiava para o jantar surpresa do seu 50º aniversário, num determinado restaurante, no dia x, a umas tantas horas! Sem saber de quem se tratava julguei que fosse engano, e nunca mais voltei a pensar no assunto, até que esta manhã voltei a receber nova mensagem. Desta vez a iniciativa partia dum filho da dita senhora, sugerindo que em vez de lhe levar um presente, contribuísse com 10 euros para que a mãe usufruísse de uma tarde de lazer num revitalizante spa!? Why not? Confesso que à segunda tentativa comecei a achar estranho, pois nenhum dos nomes até aí apontados me seria familiar. Julgando que o meu número de telemóvel pudesse ter sido confundido com o de outra pessoa, essa sim a verdadeira amiga da aniversariante, resolvi responder! Qual não foi o meu espanto quando o meu nome com o apelido de solteira me foi devolvido, seguido de um ponto de interrogação!? A partir daí eliminei qualquer conhecimento dos últimos 27 anos, quando passei a residir no Algarve. Foi então que optei por procurar no Google o tal restaurante, para ao menos ficar com uma ideia onde se situava. E voilà, em menos de 2 segundos já sabia que o mesmo se encontrava em Lisboa, na zona de Santos, com vista para o rio, e que servia sushi! De pista em pista, daí até chegar à pessoa em questão foi um passo, pois o círculo tornou-se muito mais restrito. Tudo isto para provar o quão imprescindível se tornou esta nova tecnologia, da qual pessoalmente dificilmente prescindiria. Quanto à festa de anos, infelizmente outros compromissos levam-me a não estar presente. Contudo, não pude deixar de recordar um outro jantar, também de sushi, apenas há uns meses atrás, na companhia da minha filha, não à beira Tejo, mas do Mississípi, em pleno inverno, embora em amena temperatura, quando de repente, voltei a sentir saudades dela.

Tuesday, October 21, 2008

Directo de Fátima


A primeira vez que por lá passei, não tinha mais que uma meia dúzia de anos. Aliás, de vez em quando volto lá, e ontem não foi excepção. Há quem acredite, quem pense que tudo não passa de um mito, ou de uma invenção, ou até quem creia tratar-se de um daqueles fantásticos episódios com óvnis (!?), mas para mim o que realmente importa é a tranquilidade e energia que recolho de cada vez que a visito. Inserida num grupo maioritário irlandês, num só dia percorremos 780 km numa totalidade de 13 horas, apenas com breves paragens para esticar as pernas, e confortar o estômago. No regresso, de olhos semi-cerrados pelo cansaço e pelo exercício de interiorização, não pude deixar de pensar na metamorfose de Fátima, desde os finais da década de 50, quando a conheci, até aos dias de hoje, com a nova basílica a impressionar qualquer um! Se de repente lá me desvendassem os olhos, sem saber onde me encontrava, a primeira ideia que me viria à cabeça para identificar o lugar, seria de imediato as Nações Unidas, tal qual como a imagino em dimensão!? Depois veio-me à lembrança um comentário de um jovem brasileiro residente em Belfast, que me confidenciou ter-lhe agradado mais a pequena localidade onde os pastorinhos tinham vivido – simples, humilde, parada no tempo! Para mim essa é a inalterada imagem que me permanece no espírito, e aquela que o excessivo comércio, e a opulência não me induziram em erro, nem me desviaram da genuína mensagem de Fátima, que muitos nunca chegarão a entender ou alcançar.

Monday, October 20, 2008

Projectando

Sei que estou vivo e cresço sobre a terra.
não porque tenha mais poder,
nem mais saber, nem mais haver.
Como lábio que suplica outro lábio,
como pequena e branca chama de silêncio,
como sopro obscuro do primeiro crepúsculo,
sei que estou vivo,
vivo sobre o teu peito,
sobre os teus flancos,
e cresço para ti.



Eugénio de Andrade

Saturday, October 18, 2008

Mais perto do céu

Este foi o primeiro encontro, dum ciclo de conversas e partilha de diferentes informações, da iniciativa de Nicole Bertemes, na Biblioteca Municipal. Ninguém tem dúvidas que tudo se encontra em permanente mutação, e que nada acontece meramente por acaso. Pelo contrário, cada facto terá a sua razão de ser. Numa altura em que a Terra se encontra à beira da rotura, torna-se imprescindível aprender a transformar o egoísmo, e tantas outras energias negativas, tornando-nos receptivos à abertura das nossas próprias consciências. Afinal o propósito de todos é um dia alcançar a eternidade. Na caminhada até lá, e antes de vislumbrarmos a pureza absoluta, precisamos de abraçar o amor incondicional, amando-nos a nós próprios, e num segundo passo a todos os outros, de forma igualitária, destituída de condições. Na maior parte dos casos o ser humano vive de aparências, olhando para o exterior, em vez de para dentro. Passamos metade da vida a culpabilizar os outros, sem nunca nos responsabilizarmos, mentindo conscientemente para não os magoarmos, quando a mentira acaba por atrair mais mentiras, e nos ferir. Vivemos o ano inteiro mascarados, funcionando numa espécie de falsa sociedade, acabando por consentir que a mesma nos molde a consciência. Onde está a nossa transparência? Uma vez por todas escutemos o coração – voz das nossas almas, vivendo as experiências do dia a dia, sem sentimentos de culpa. Dispamo-nos do supérfluo, vivendo tão-somente com o essencial. Só assim evoluiremos melhor e mais depressa, sem bloqueios e tanto sofrimento, criando uma nova realidade, inspirados pela nossa essência divina, onde a mulher flui em seu papel libertador.

Friday, October 17, 2008

Folhas ao vento

Uns dizem que sem esperança a vida é impossível, outros que com esperança é vazia. Para mim, que hoje não espero nem desespero, ela é um simples quadro externo, que me inclui a mim, e a que assisto como um espectáculo sem enredo, feito só para divertir os olhos – bailado sem nexo, mexer de folhas ao vento, nuvens em que a luz do sol muda de cores, arruamentos antigos, ao acaso, em pontos desconformes da cidade.

Thursday, October 16, 2008

Entre as mãos

O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê



Sophia de Mello Breyner Andresen

Wednesday, October 15, 2008

A lengalenga

Ao aguardar pela minha vez, pela consulta de especialidade, fui folheando aquelas revistas habituais que se encontram em qualquer consultório que se preze. Neste caso no hospital. Foi então que dei de caras com uma crónica de António Lobo Antunes que a dado momento rezava assim:
«Em criança, quando me davam a sopa, fixava-me no prato à espera da rã que saltava um muro, impressa no fundo. A partir de não sei quantas colheres ia surgindo a pouco e pouco, colorida, feliz, de suspensórios e calções
- Não quero mais, já se vê a rã e insistiam
- Só esta
a mentirem-me porque o esta eram várias. Até rapavam a loiça
- É a última, a sério
e ao deslaçarem o babete da nuca magoavam-me sempre. Sopa de couves, sopa de feijão, sopa de ervilhas, a quantidade de sopas que me obrigaram a empanzinar, meu Deus. E bife raspado. E puré. E xarope no fim, de frascos de rótulo peganhento, tanto xarope que cá canta também.»
Esta passagem trouxe-me à memória alguns episódios da minha própria infância. Afinal também eu me lembro de usar babete, das mesmas sopas, e bifinhos raspados, e até do peganhento óleo de fígado de bacalhau, recomendado pelo pediatra. Contudo no meu prato, que por acaso tinha a cor amarela, não havia espaço para qualquer rã, e nunca foi necessário o uso de quaisquer estratagemas para me convencerem a comer tudo. Porém, o mesmo não se passou com alguns dos meus 5 irmãos. Foi então que me veio à mente uns versinhos que o meu pai recitava em jeito de lengalenga, numa dessas pontuais situações de birra, que por sua vez já teria ouvido de uma sua avó, e que eu nunca mais esqueci.

- Ó Papim papa a papinha
Papinha papa de pão
Papa-a ao pé do papá
Se o Papim não papa a papa
O papão papa o Papim
E o Papim já papa a papa
Para que o não pape o papão

Tuesday, October 14, 2008

Irrepetível

Eras o fruto
nos meus dedos a tremer.
Podíamos cantar
ou voar, podíamos morrer.



Eugénio de Andrade

Saturday, October 11, 2008

O equilíbrio do ser


O stress do dia-a-dia, as tensões familiares, ou do trabalho, e uma alimentação menos saudável levam-nos por vezes a situações negativas de depressão, ansiedade, ou medo. Através de um workshop que teve esta tarde lugar na Biblioteca Municipal de Albufeira constatei que o Reiki poderá ser uma forma eficaz na reposição do nosso equilíbrio energético. Conjuntamente com outra terapia convencional este método alternativo milenar, de cura natural pelas mãos, atenua possíveis efeitos secundários da medicação, olhando o indivíduo como um todo, e melhorando o seu bem-estar. Na totalidade são sete os pontos de energia de diferentes vibrações, localizados ao longo da coluna vertebral do corpo humano. Em constante movimento representam diferentes aspectos do corpo, da alma e do espírito.
A maior parte das doenças são exactamente decorrentes do desequilíbrio dos chakras, e é aqui que o Reiki como energia inteligente pode ter um papel fundamental promovendo a recuperação. Namasté!
Para mais informações pode consultar o site do Mestre Viktor em:
www.mestreviktor.blogs.sapo.pt

Insuficiências


Um gesto sem paisagem
Sem horizonte ou casa
Sem o outro
Não chega a ser um gesto
Será talvez um esgar
Um grito que sufoca
Tal como um rio se perde
Sem as suas margens



António Ramos Rosa

Friday, October 10, 2008

Divindades

… com braços de flor,
Vinde aqui, Graças
Filhas de Zeus…


Safo

Thursday, October 9, 2008

O céu dele

O senhor Henri, entretanto, pousou os binóculos e tirou da sua mochila uma garrafa de absinto.
Depois de beber umas boas goladas o senhor Henri disse: que belo eclipse! E bebeu mais umas goladas.
Deitado no chão à espera que algo acontecesse no céu o senhor Henri acabou por fechar os olhos e adormecer.
Quando acordou pegou na sua mochila e na sua garrafa de absinto e retirou-se.
Tive um eclipse privado, disse o senhor Henri para si próprio, satisfeitíssimo com os astros que conseguira ver no seu céu particular.


Gonçalo M. Tavares

Wednesday, October 8, 2008

Beijos e feitiços/Kisses and Spells

O príncipe chega finalmente à sala onde a bela princesa dormia profundamente. Durante longo tempo olha-a fixamente, tão cheia de serenidade, tão pacífica, encantadora e pura, sentindo a Primavera no seu coração, e o amor que sempre procurou sem nunca achar. Vencido pela emoção, aproxima-se dela, segura-lhe a mãozinha branca, e beija-a suavemente...
Ao receber o beijo, a princesa abre rapidamente os olhos, e despertando do seu longo sono, vendo o príncipe junto dela, murmura:
"Oh, finalmente chegaste! Aguardava por ti no meu sonho. Esperei tanto!"
Naquele momento, o feitiço foi quebrado. A princesa levantou-se segurando a mão do príncipe. E o castelo inteiro despertou também.


The Prince finally reached the room where the beautiful Princess lay fast asleep. For a long time he stood gazing at her face, so full of serenity, so peaceful, lovely and pure, and he felt spring to his heart that love he had always been searching for and never found. Overcome by emotion, he went close, lifted the girl's little white hand and gently kissed it . . .
At that kiss, the princess quickly opened her eyes, and wakening from her long sleep, seeing the Prince beside her, murmured:
"Oh, you have come at last! I was waiting for you in my dream. I've waited so long!"
Just then, the spell was broken. The Princess rose to her feet, holding out her hand to the Prince. And the whole castle woke up too.

Monday, October 6, 2008

Improvisando

Mas é assim o poema: construído devagar,
palavra a palavra, e mesmo verso a verso,
até ao fim. O que não sei é
como acabá-lo; ou, até, se
o poema quer acabar. Então, peço-te ajuda:
puxo o teu corpo
para o meio dele, deito-o na cama
da estrofe, dispo-o de frases
e de adjectivos até te ver,
tu,
o mais nu dos pronomes. Ficamos
assim. Para trás, palavras e versos,
e tudo o que
não é preciso dizer:
eu e tu, chamando o amor
para quem o poema acabe.



Nuno Júdice

Saturday, October 4, 2008

Friday, October 3, 2008

Em bicos de pés

Colhe
todo o oiro do dia
na haste mais alta
da melancolia.


Eugénio de Andrade

Thursday, October 2, 2008

Atlantis

A ilha submersa

Ninguém tem a certeza de que existiu, mas há 2.400 anos Platão mencionou-a pela 1ª vez, e ainda hoje continua a encantar a humanidade. Segundo a sua descrição uma civilização teria habitado um continente a oeste do Mediterrâneo, no meio do oceano para além do estreito de Gibraltar. De acordo com a lenda, nos primeiros tempos, os deuses terão feito entre si a partilha do mundo passando a Atlântida a pertencer a Poseidon que ali terá vivido na companhia da jovem Clito. Platão descreveu-a como anéis alternados de terra e mar, com um palácio ao centro, cercado por muros cobertos de ouro que brilhavam à luz do sol. A região terá sido dividida em partes, cabendo cada uma delas a cada um dos dez filhos do casal, obedecendo todos ao primogénito Atlas. Este tornou-se a personificação das montanhas ou pilares que sustentavam o céu, significando Atlântida (do grego Atlantis) a terra de Atlas, e Atlântico o seu oceano. Explorando os seus recursos desenvolveu-se de tal forma que o grau de riqueza alcançado por esta cultura avançada não encontra paralelo em mais lado nenhum. Porém, crê-se que os atlantes tenham sido vítimas das suas ambições de conquistar o mundo ao serem dizimados pelos atenienses, que os afastam através de um poderoso exército. Ter-se-ão ainda entregue aos seus próprios vícios e perversões, o que terá suscitado a cólera de Zeus que terá causado a sua destruição há 12.000 anos, por meio de grandes maremotos e tremores de terra. No auge da sua era dourada Atlântida acaba engolida pelo oceano, desaparecendo para sempre nas profundezas dum mar povoado por sereias. Algumas pessoas acreditam até que os Açores poderão ser os cumes das montanhas do submerso continente da Atlântida. O que é certo é que a tradição oral foi sobrevivendo ao passar dos séculos. Até durante a Renascença, que procurou nos mitos realidades, foram várias as tentativas de explicação racional desta história. A Atlântida inspirou centenas de pintores, escritores e poetas, seduzidos pelo romantismo e vigor da narrativa, não sendo difícil que a terra submersa se transformasse em musa para artistas do mundo inteiro. Ainda nos dias de hoje desperta a imaginação dos homens, que debatem as mais diversas interpretações possíveis sobre o desaparecimento da misteriosa ilha.