Ventos de mudança

Receber o novo ano a preceito, de preferência supersticiosamente, e em estilo, que é como quem diz entre outras coisas, saltar de uma cadeira com o pé direito, é o que tenciono fazer mais logo. Depois, vai ser um ver se te avias para conseguir comer as doze passas ao som das badaladas, ao mesmo tempo que para cada uma delas, atribuo um desejo - habilidade ainda mais difícil do que a de me empoleirar no maple! Finalmente, não faltará a taça de champanhe, que deixei já a gelar, sem esquecer os telefonemas aos familiares, e amigos mais chegados. Para a ressaca do dia seguinte, deixo o balanço do ano que termina, as habituais reflexões e incertezas, a análise da situação global, o desalento colectivo, e a grande incógnita das expectativas futuras. Isto, porque certamente, 2010 trará a solução, quando como eu nela se acredita.

Junto à baía

O curto tempo de lazer foi apenas suficiente para um breve passeio pela marina, e pequena ronda pelo seu património histórico, com passagem pelo Museu dos Condes Castro Guimarães, o Forte e o Farol de Santa Marta, e o Centro Cultural de Cascais. A proximidade da capital, as praias e a paisagem, sem dúvida que a converteram num dos principais destinos turísticos do país.

Era uma vez...

Instalada em Cascais, num espaço criado por Souto Moura, rodeado de árvores centenárias, a Casa das Histórias de Paula Rego, inclui uma colecção de pinturas, desenhos, e gravuras mundialmente reconhecida, e cada vez mais apreciada pelo público e coleccionadores. As suas histórias revelam energia e criatividade, muitas vezes inspiradas quer em memórias de infância, quer em contos infantis, remetendo-se ainda a temas mais dramáticos ligados sobretudo ao universo feminino, numa visão única e absolutamente vertiginosa! Eu gostei. Se quiser ver também, a entrada é gratuita, e funciona diariamente das 10h às 22h.

Em plenitude

No aconchego do lar, entre bolas, fitas, e luzes cintilantes de todas as cores, há também lugar para um certo espírito de recolhimento, ao celebrarmos a memória do recém-nascido, que desperta a criança no íntimo de cada um de nós. E, apesar de tantos excessos e extravagâncias, o Natal afinal passa principalmente pela simplicidade, em busca da verdadeira paz. Nesta noite venturosa, ao seguimos a estrela, que um dia conduziu todos os povos a Belém, lembramos aqueles de quem mais gostamos à distância, ou os que já partiram, quando o amor se amplifica ecoando por todo o mundo.

Sobre a cidade

Esta névoa sobre a cidade, o rio,
as gaivotas doutros dias, barcos, gente
apressada ou com o tempo todo para perder,
esta névoa onde começa a luz de Lisboa,
rosa e limão sobre o Tejo, esta luz de água,
nada mais quero de degrau em degrau

Lisboa de Eugénio de Andrade

Árvores e gentes

A Célia faz parte de um grupo de profissionais que sempre nos atenderam bem. Contudo, a simpatia aliada ao seu sorriso e encanto natural, faz com que o seu desempenho seja amplamente reconhecido.
Em sintonia com as formas e os espaços, ela vai criando novas realidades, à descoberta de uma outra perspectiva. É entre traçados de rectas e superfícies curvas, realçadas de luminosidade, que do seu novo loft, de frente para o Tejo, se projecta até à obra final. A partir da sua percepção visual, a minha sobrinha Carlota constrói esboços, croquis, e ideais, convertendo-os em intervenções urbanas.

E, porque tudo o que existe constitui um todo interligado, na Teresinha encontro uma cúmplice para de corpo e alma crescer em sabedoria. Quer se trate de impressões do quotidiano, de um impulso artístico, ou dum despertar de consciências, ambas nos deixamos estimular pela sintonia interior e suas vibrações, que nunca se esgotam.

Anjos de luz

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Os anjos são assim
quem os encontra
sabe-os
de todas as cores
azuis amarelos violeta
e quando a noite desce
embalam os sonhos.

Vestem-se de estrelas
e as asas transparentes
só conhecem o infinito.

São verdes e rosa são únicos.

Maria Alexandre Dáskalos - Jardim das Delícias da Caminho

Herança islâmica

A poesia luso-árabe esteve em destaque no 5º aniversário da Biblioteca Lídia Jorge, através de um recital protagonizado por Eduardo Ramos, com temas do poeta Almutâmide, que abordaram nomeadamente o vinho e o amor, deixando marcas em Portugal, e, influenciando posteriormente alguns dos nossos poetas.

Estado meditativo

Como praticar a meditação, como forma de combater o stress e a ansiedade, foi o que fui aprender, num workshop dedicado à sua prática, com benefícios surpreendentes. Qualquer local serve para a pôr em prática, desde que arejado e limpo. Devemo-nos, apenas, acomodar numa posição confortável, ou sentados com as pernas cruzadas, ou deitados com as pernas estendidas e os pés unidos, tentando relaxar todo o corpo. Como objecto de concentração, podemos focar-nos na própria respiração, em lenta cadência, com especial atenção no abdómen, em cada inspiração e expiração. Assim, centrados no silêncio mental do ser, bem nas profundezas do nosso íntimo, ao mergulharmos no nosso interior, recuperamos o bem-estar no presente, sem passado, nem indícios do futuro, centralizando toda a energia em quem verdadeiramente somos.

Travessia lírica

E porque o dia é dedicado aos direitos humanos, estive esta manhã, no auditório da Escola Dr. Francisco Cabrita, com duas turmas do 5º e 6º ano, para ouvir falar da nossa existência, em liberdade! Numa incursão pela poesia, ali estive como viajante, assistindo ao desenrolar dramático das várias formas de amar, pela voz de Paulo Moreira. Que logo nos desperta através de António Gedeão, no seu Poema do Amor. «O poema que o poeta propositadamente escreveu,/só para falar de amor,/ de amor,/ de amor». Profusamente surpreendente, a poesia volta a reerguer-se no palco numa brincadeira de opostos, pelas palavras de Luís de Camões. «Amor é fogo que arde sem se ver;/ É ferida que dói e não se sente;/ É um contentamento descontente;/ É dor que desatina sem doer.» Sonoro e melódico, eis que surge António Ramos Rosa, que mais não pode adiar o amor, pela acústica de Viviane, dos Entre Aspas. «Ainda que a noite pese séculos sobre as costas/ E a aurora indecisa demore/ Não posso adiar para outro século a minha vida/Nem o meu amor/». Até que, adormecida nas profundezas, do mais fundo da alma, o brilho de Florbela Espanca se dilui no ar. «Ser poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens!/ Morder como quem beija!/ É ser mendigo e dar como quem seja/ Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!». Para logo a seguir sermos conduzidos à clareza de Sophia de Mello Breyner Andresen. «As pessoas sensíveis não são capazes/ De matar galinhas/ Porém são capazes/ De comer galinhas». Seguidamente descobrimos Fernando Pessoa, o poeta dos poetas, pela mão de Alberto Caeiro, num momento electrizante, que numa visão pessoal nos indica que o menino Deus é o universo, e se encontra dentro de nós. «Ele dorme dentro da minha alma/ E às vezes acorda de noite/ E brinca com os meus sonhos./ Vira uns de pernas para o ar,/ Põe uns em cima dos outros/ E bate palmas sozinho/ Sorrindo para o meu sono.»
E, com o aproximar do Natal, o trajecto termina como começou, ou seja com António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho. «É dia de pensar nos outros - coitadinhos - nos que padecem,/ de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,/ de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,/ de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.» Proponho que meditemos.

Galhos secos e folhagens

E porque o jardim pode ser um dos lugares mais especiais duma casa, chegou a hora de combater a praga invasora de bambus, cujo desenvolvimento se tornou descontrolado, e retirar plantas secas, combatendo as que foram atacadas por fungos, sem esquecer as ervas daninhas! Felizmente, hoje em dia, existe uma infinidade de opções sem aditivos químicos, que nos contaminam o solo, e cada vez mais prejudicam o meio ambiente. Plantas que não tenham as condições adequadas, podem vir a ter uma vida curta, por isso esta é a altura ideal para se proceder à poda, eliminando ramos secos que as revigoram, dando-lhes mais força para crescer com outro alento. Uma vez chegada a Primavera, cá estarei para acolher as novas flores, que de uma forma dinâmica e viva irão desabrochar, cobrindo-me os muros, e emoldurando-me os pilares, sob um olhar ampliado e colorido.

Manjar e arte

Antecipando o Natal, este jantar não só pretendeu reunir alguns bons amigos, à volta de uma mesa, como celebrar a arte em todo o seu esplendor. Através dos quadros que revestem as paredes do Hotel Baía Atlântico, de Isabeluz (irmã de uma das ilustres convivas, de seu nome Teresinha Barros), e ainda pelos momentos únicos, da poesia do notável Engº. Manuel Ribeiro, cuja presença é sempre tão inspiradora. Entre um bacalhau com natas, e as mais variadas sobremesas, aos poucos fomo-nos deixando conduzir, tanto pelas cores mais orgânicas, como pelas mais profundas, de formas que se definiram e desfizeram, num mundo de sons e imagens, combinatório e infinito.

Evento literário

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O encontro não é novo, e uma vez mais visa fascinar através da leitura. Entre os participantes temos mais três turmas do 4º ano da Escola da Correeira, o professor Joaquim Veiga – coordenador da Biblioteca, a Cláudia (sua executante), a professora Marta Cirne – autora do livro com o sugestivo título «Porto Cão-Peão, Patanisca e Leão», e eu própria, deixando-me regressar à infância! A narrativa é fluida, as personagens verídicas, e como nos conta a Marta, entre dinâmicos esgares e braços erguidos, a história é de afectos, e tenta contribuir para o imaginário de princípio ao fim.

Acordo final

Dois anos após a sua assinatura, com vários momentos de avanços e recuos, eis que entra finalmente em vigor um conjunto de normas jurídicas, que não irá resolver tudo, mas que certamente alterará o funcionamento da Europa, e trará novos direitos aos cidadãos. São muitas páginas, algumas de linguagem densa, que passam a simplificar o poder de decisão, e a aumentar substancialmente as competências do parlamento. Junto à torre de Belém, foi finalmente alcançada uma solução comum a 27 parceiros, através de um esforço diplomático que o ligará eternamente a Lisboa, e que é mais um passo para a esperança no futuro.

Festa de cores

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A feira franca tem em Albufeira periodicidade anual. Aproveitando o fim-de-semana, fui no final da manhã de encontro a uma diversidade de oportunidades, desde roupas, sapatos, bijutaria, e brinquedos, além de produtos agrícolas à venda pelos seus produtores locais.

Memórias de Guerra

Na sequência do sucesso do seu primeiro livro, que já vendeu 60 mil exemplares, chega-nos agora pela mão do seu autor «Um amor em tempos de guerra», onde se mantém o cenário de África, desta vez em plena guerra colonial. Numa biblioteca completamente cheia, Júlio Magalhães fez questão de se apresentar não como um escritor, mas mero jornalista, que entre o trabalho de repórter, intercalado com algumas horas livres, (parte das quais em gozo de férias no Algarve), nos relata através de uma narrativa simples, e escrita directa, histórias da vida real, tocadas pela intensidade do amor.

Resistindo ao tempo

Construído no período barroco, em finais do século XVIII, torna-se mais tarde propriedade do Visconde de Estói, até 1987, quando é adquirido pela Câmara Municipal de Faro. Desfrutando de uma vista magnífica, actualmente é possível visitar o seu interior, recentemente recuperado, e percorrer corredores, e aposentos, apreciando a mobília da época. Os jardins, em redor do palácio, réplica dos de Versalhes, com laranjeiras e palmeiras, também merecem ser apreciados, decorados de figuras desnudadas, painéis de azulejos, e vitrais, sob uma luz dourada do Outono.

À porta

Chegou-me esta manhã da Escócia, o primeiro cartão da boas-festas, que me terá feito realizar a rapidez com que o Natal se aproxima. Daqui para a frente a correria será ainda maior, no que diz respeito às decorações natalícias, e a tudo o mais que nos sobrecarrega, tentando obter os presentes mais originais, pelo preço mais competitivo, e tantas outras tradições, peculiares à época mais festiva do ano. Ao prepararmo-nos com antecedência, certamente que reduziremos o stress, numa altura em que tudo começa já a brilhar, trazendo-nos a nostalgia dos natais da nossa infância.

Bon appétit

Receitas famosas da gastronomia francesa, direitinhas para a mesa dos americanos sem cozinheira, foi a relevante contribuição de Julia Child, que se torna uma verdadeira celebridade, quer através do best-seller que publica, quer do seu próprio show de tv. Mais recentemente, e numa história paralela, Julie Powell corre atrás dum sonho, criando um blogue no qual se propõe partilhar todas estas experiências gastronómicas. A partir da sua minúscula cozinha, e após um fatigante dia de trabalho, consegue com grandes doses de disciplina e paciência, reproduzir uma a uma todas aquelas iguarias. Encontrar o rumo certo para as nossas vidas, descobrindo o que nos desperta paixão, é a proposta deste divertido filme, que nos deveria servir de inspiração.

Princípios fundamentais

Celebra-se hoje, em todo o mundo, a data em que foi adoptada a Convenção sobre os Direitos das Crianças pela Assembleia-Geral das Nações Unidas. Apesar dos avanços notórios a nível dos serviços de saúde, e no acesso à educação, há que redefinir metodologias, e contar com o empenhamento de toda a sociedade civil. Prevenir para proteger será sempre um trabalho inacabado. Falta fazer mais, sobretudo a nível do direito penal no que concerne a roturas psicológicas, ainda não consideradas na lei, com prejuízo no desenvolvimento, e que tanto sofrimento causa na adolescência e idade adulta, para que o sucesso e o bem-estar na vida passem a ser uma garantia.

À luz do dia

É agraciada por um fascínio muito próprio, e a escrita tem na sua vida um papel determinante. Esta tarde surge-nos empolgante, exprimindo uma felicidade absoluta. Desta vez, na biblioteca da Escola da Correeira, cercada de miúdos do 2º ano, por quem infalivelmente se deixam arrebatar. Já quando a conheci, num ambiente solitário e de penumbra, o seu brilho multifacetado se evidenciava. Mas, desde aí tornou-se mãe, o que lhe originou sucessivas transformações, num processo de expansão sem fim. Nada nos parece dividir, apesar da diferença de idades, e de eu ser de Lisboa, e ela de Vila Nova de Gaia. Aliás, chega-nos de muito perto da Granja, local onde sempre passei as minhas férias de infância, obrigando-me à reconstituição de memórias esquecidas, mas super felizes. Agora, é como se a Marta estivesse no topo do mundo, lançando sementes tocadas pela magia, e estendendo aos outros o seu resplandecente sorriso. Ao sabor dos dias, vem-me revelando o seu lado mais empático, que em tudo tem reforçado a intensidade de uma relação estreita, consolidada pela amizade que perdura.

Decisão definitiva

Eliminar riscos abandonando o vício, quando fumar encurta as nossas vidas entre 2 a 5 anos! Apesar disto, muitos continuam, e outros dão início a um hábito difícil de largar. Entre as doenças relacionadas ao consumo prolongado do tabaco destacam-se os problemas vasculares, o derrame cerebral e vários tipos de cancro, que pessoalmente vivi de muito perto, no meu caso particular, com um final feliz. Eu deixei de fumar de um dia para o outro, através duma nova postura mental, há precisamente 18 anos. Porque nem sempre se consegue ultrapassar este flagelo sem ajuda, se necessário recorra a apoio médico através da linha telefónica 808208888. E, se fizer como eu, e praticar uma actividade física, vai ver que se irá tornar numa pessoa muito mais saudável.

Proposta de leitura

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Esta tarde, na Biblioteca da Escola dos Caliços, teve lugar a leitura e apresentação do livro «Porto Cão-Peão, Patanisca e Leão» às crianças do 2º e 3º anos de escolaridade, pela sua autora professora Marta Cirne. Através de uma divertida aventura, tentou-se estimular a fantasia, e desenvolver as capacidades destes pequeninos alunos, na forma de cada um melhor expressar as suas ideias.

A força do sonho

Com o pseudónimo de António Gedeão, publica em 1956 o seu primeiro livro de poesia, seguido de outros. As preocupações sociais, a visão científica do mundo e da sociedade, e a consciência do sentido colectivo dão-lhe uma enorme dimensão humana. Depois, foi um mestre no uso da rima, imprimindo grande ritmo aos seus versos, cantados e declamados por Afonso Dias em mais um magnífico serão de poesia.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos duma criança.

António Gedeão