Moram num ninho à minha porta. O bater de asas, soa-me a uma música delicada, ponderada por pausas quase imperceptíveis. O canto é límpido, aberto e radioso. À luz do sol se autonomizam, em perseguição de outro lugar de temperaturas abrasivas. Os rituais mecanizados e a autenticidade dos gestos, ampliam-lhes a beleza, na rota inevitável em cumprimento de um destino. Anos após anos, apenas me visitam no meu mundo tão devastador quanto incompleto, quando os ventos lhes são mais favoráveis. E, no meu exercício de olhar, vejo-as ganhar uma veloz altitude, atravessando os céus para o misterioso silêncio. No espaço vazio, não passam de meros vislumbres isolados, semi-apagados numa sequência de sombras.
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