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Saturday, September 3, 2016

O sorriso

«Creio que foi o sorriso, o sorriso foi quem abriu a porta. Era um sorriso com muita luz lá dentro, apetecia entrar nele, tirar a roupa, ficar nu dentro daquele sorriso. Correr, navegar, morrer naquele sorriso.» 

Eugénio de Andrade

Thursday, April 9, 2015

Colhe

Colhe
todo o oiro do dia
na haste mais alta
da melancolia.

Eugénio de Andrade



Tuesday, January 27, 2015

Às vezes

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
e eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis. 

Eugénio de Andrade

Tuesday, August 26, 2014

Cada palavra

E no seu rosto aberto
sobre o mar
cada palavra era apenas
o rumor
de um bando de gaivotas
a passar.


Eugénio de Andrade

Tuesday, July 22, 2014

Interrogação

que música serias
se não fosses água?


Eugénio de Andrade

Sunday, May 4, 2014

As estrelas de oiro

«Certa manhã acordei sozinho em casa. Acordei a chorar.- Ó mãe, mãe... – Mas a mãe não vinha. Não havia mãe. Havia só a porta fechada. – Ó mãe, mãe... – E a casa deserta. Pelas frinchas largas da porta via a manhã lá fora. Era uma manhã de sol quente, talvez de Julho, talvez de Agosto. Devia haver medas de palha na eira em frente. Mas os meus olhos mal viam, estavam rasos de água e de angústia. – Ó mãe, mãe... – E de repente, na manhã clara, começaram a cair estrelas pequeninas, estrelas verdes, vermelhas, estrelas de oiro. As lágrimas caíam-me pela cara.- Ó mãe, mãe... – O nariz esmagado contra a porta, os olhos muito abertos, vendo através da frinchas as estrelas caindo, umas atrás das outras. – Ó mãe, mãe....»


Eugénio de Andrade in Os Amantes sem Dinheiro (1950)