Saturday, May 17, 2008

A arte do conto


Em mais um ciclo de leitura, organizado pela Biblioteca Municipal, discutiu-se «água, cão, cavalo, cabeça», antes do derradeiro encontro com o autor – Gonçalo M. Tavares.
A oradora chegou-nos da Universidade de Faro, e embora a literatura não seja a sua área, a Adriana Nogueira é uma classicista, que tal como a própria diz se entusiasma com muitos outros saberes, contagiando-nos com um outro olhar sobre a obra. Indo por partes, continuámos a destacar uma escrita que não é tradicional, e que sai da coerência dos livros anteriores, continuando a surpreender-nos. Este é sem dúvida um livro de sentimentos muito fortes, e até violentos, que nos obriga a profundas reflexões sobre a realidade e a ficção, que por vezes tendem a confundir-se. No conjunto são curtas histórias, que quase se aproximam da poesia, pelo sentido conciso, e da capacidade de dizer muito em poucas palavras de Gonçalo M. Tavares, que para a próxima irá lá estar. A não perder.

Thursday, May 15, 2008

Rotação

É nos teus olhos que o mundo inteiro cabe,
mesmo quando as suas voltas me levam para longe de ti;
e se outras voltas me fazem ver nos teus
os meus olhos, não é porque o mundo parou, mas
porque esse breve olhar nos fez imaginar que
só nós é que o fazemos andar

Wednesday, May 14, 2008

Círculo calcinado

Não o espero. Não chegarei jamais, nem estarei aqui, ele não falará. Desejaria dizer o seu infortúnio inominável, o seu silêncio impossível. Desejaria acolhê-lo na sua nudez, no seu silêncio. Espera-me decerto, na sua pobreza incomensurável, pobre deus mudo, sem abrigo, de uma infinita miséria. O que escrevo, o que escreverei será a oferenda para o encontro dele. Mas não haverá encontro se ele não respirar na inesperada transparência de uma linguagem branca. Nada poderei oferecer se as palavras não constituírem essa íntima aliança que é o mistério mesmo da linguagem.
Estou só e continuarei a estar só, na árida e ávida deambulação destas palavras sem caminho. Lancinante, a suspensão interminável. Aqui agora é nunca. Julguei que poderia estabelecer uma relação serena e confiante mas não ouvi ainda nenhum apelo. Estou dentro de um círculo calcinado.

Tuesday, May 13, 2008

Pátrias



Tróia morreu com Heitor e as suas mãos nunca mais se ergueram contra os invasores filhos de Dânaos. Também Péla morreu com Alexandre.
As pátrias é que são honradas pelos homens, não os homens pelas pátrias.


Anónimo

Sunday, May 11, 2008

Cancioneiro popular


A vontade, e a preocupação de preservar a memória terá levado José Ruivinho Brazão, e Nelson Conceição a editar o livro «Cancioneiro Tradicional Português», da Casa das Letras, cujo lançamento teve lugar ontem à noite, na Biblioteca Municipal. Recuperar uma parte de todos nós, foi a intenção deste documento, que pretende reconstituir a tradição oral das comunidades do meio rural, de toda uma época. E como cantar é um fenómeno comunicativo, o evento do lançamento deste livro contou ainda com a actuação do grupo de Paderne «As Moças Nagragadas» - vozes portadoras do saber de uma tradição mais antiga, tão importantes na defesa da nossa identidade.

Saturday, May 10, 2008

Mensagem pacifista

Em 2007, naquela mesma sala polivalente, da Biblioteca Municipal, interrogámo-nos acerca da nossa própria identidade. Quem somos? E qual o objectivo das nossas vidas? Nessa altura o que nos terá sido dito é que cada um de nós não passava de um ponto de luz convertido em energia viva, que se traduzia na nossa própria essência. Assim, para que nos tornássemos seres mais sublimes, deveríamos procurar ligarmo-nos à fonte suprema, para além das estrelas, e do firmamento, preenchendo desta forma os nossos intelectos. Só assim passaríamos a controlar as nossas mentes, tornando-nos donos dos nossos pensamentos, que passariam a determinar as nossas vidas.
Desta vez porém passamos à fase seguinte focando-nos na nossa própria consciência, que nos possibilita toda uma capacidade de percepção, e que passará por dois níveis. O conhecimento do corpo ligado a tudo o que é material, e aquele para além dos parâmetros físicos, correspondendo a um patamar mais elevado, e muito mais abrangente. Enquanto que o corpo não passa dum veículo momentâneo, que mais tarde ou mais cedo encontrará o seu fim, o espírito, pelo contrário é metafísico, indestrutível e eterno! Falsas identificações darão origem a conflitos, que se poderão traduzir por atitudes negativas, e inúteis, na maioria das vezes provocadas por falta de auto-estima. Porém, através da meditação Raja Yoga podemos desenvolver outras posturas mentais, que nos ajudem a converter estas emoções em algo de tão positivo e útil, como puro, tal qual o eu original. No próximo dia 23, no mesmo local, e à mesma hora, debruçar-nos-emos sobre a lei do karma, e a meditação, que nos relançará num oceano de paz, vermelho e dourado, para além do tempo, e nos trará uma outra tranquilidade de espírito que nos levará à felicidade plena. Difícil mesmo vai ser esperar!? Até lá Om Shanti, que é como quem diz «Eu sou Paz»!

Thursday, May 8, 2008

Cumplicidades

Pela manhã deixo-o entrar e num ápice enche-me a cozinha, e o coração. É como se ambos esperássemos por aquele momento, que se tornou num verdadeiro ritual. Ligo a chaleira eléctrica, e em poucos segundos tenho já no balcão uma chávena de chá cheiinha até cá acima. Entretanto escalfo um ovo, ao mesmo tempo que na torradeira coloco duas fatias de pão. Sem perder pitada, segue-me os gestos, e vem deitar-se aos meus pés. Na rádio oiço dos salários em atraso dos jogadores profissionais de futebol, entre um golo de «earl grey», e uma torrada com uma fatia de fiambre. Depois ele já advinha o que se segue, e olha-me como se me interrogasse: - «Do que estás à espera»? Então, pego num pedacinho de ovo, envolvo-o no fiambre da torrada que fica pendurado a mais, e ele vem comê-lo à minha mão. A cena repete-se até lhe dizer: - «Chega, este é o último»! Isto em inglês, porque ao contrário da Daisy, que é bilingue, o Rico apenas fala uma língua só! Por vezes até condescendo, e lhe dou um pouco mais. Ainda oiço a previsão de sol para todo o país, apesar da ligeira descida das temperaturas, acabando por me cansar do noticiário. Mudo de frequência, e parece que estamos com sorte ao apanhar o início do concerto de Mozart, para clarinete e orquestra, em lá maior. Imediatamente trocamos sorrisos. Ah isto sim, é do agrado dos dois. Por esta altura saboreio meia toranja, com uma colherzinha de mel, que trouxe da última visita a Monchique. Terminado o repasto, e toda uma partilha, limpo-lhe os olhos meigos, dou-lhe uma escovadela, e em troca recebo daquela volumosa personagem com mais de 70 quilos toda uma óptima energia, que me irá durar o dia inteiro! O Rico é único, e não o trocaria por nada nesta vida. Aquele agitar de rabinho, o brilho do olhar, e toda a comoção e necessidade de me ter por perto, fazem dele um aliado por excelência.

Saturday, May 3, 2008

Às mães de todo o mundo

Que ao dar a bênção da vida,
Entregou a sua…
Que ao lutar por seus filhos,
Esqueceu-se de si mesma…
Que ao desejar o sucesso deles,
Abandonou seus anseios…
Que no vibrar com suas vitórias,
Esqueceu seu próprio mérito…
Que ao receber injustiças,
Respondeu com seu amor…
E que, ao relembrar o passado,
Só tem um pedido:
Deus proteja meus filhos,
Por toda a vida!

Thursday, May 1, 2008

Maio

Que venha Maio
e traga nos dias a plenitude da terra,
renascer de promessas que Abril plantou!
Que seja então Maio,
cheiro de brisa suave que em si carrega
mil águas caídas no solo que secou!
Floresça Maio agora
nesta hora de bandeiras caídas no chão,
cravos desfraldados no tempo de outrora
e traga de novo
a força que sonhámos ter dentro da mão!

Poema de Ligue

Tuesday, April 29, 2008

Corpos em acção

Desde os rituais dos povos primitivos, até aos dias que correm, a dança sempre esteve presente na vida do homem, quer em acontecimentos sociais, ou religiosos. Antes mesmo de comunicar com palavras, as pessoas já se expressavam através de movimentos corporais, por isso a dança é considerada a mais antiga das artes. O percurso começa com a ideia de gostarmos de nos mexermos, e o desejo secreto de experimentarmos o espaço de uma forma totalmente corpórea. No fundo torna-se numa maneira diferente de nos olharmos a nós próprios, e aos outros. O universo do bailado é um processo criativo que coloca em palco músicos e bailarinos com corpos de perfeição física, que com a colaboração de um coreógrafo, através de sequências de tempo e espaço estabelecidas a um determinado ritmo, nos proporcionam um conteúdo narrativo, por mais vago que seja. O virtuosismo dos intérpretes depende muito do trabalho do gesto, da coordenação da expressão artística, e dos movimentos mutáveis explorados pelas suas possibilidades motoras, capazes de expressar todos os seus sentimentos, emoções, e alegrias.

Thursday, April 24, 2008

Liberdade





«… Liberdade, essa palavra
Que o sonho humano alimenta
Que não há ninguém que explique
E ninguém que não entenda …»


Cecília Meireles

Educação e leitura

Ontem, dia 23, comemorou-se o Dia Mundial do Livro e do Direito do Autor. Instituído pela Unesco em 1995, a data visa atrair a atenção das pessoas para um dos meios de transmissão de conhecimento mais eficazes. Editores, escolas, centros culturais, organizações de autores, e bibliotecas prepararam-se para celebrar este dia, em todo o mundo. A nossa biblioteca Municipal de Albufeira não foi excepção e organizou um teatrinho, remetendo-nos para Johannes Gutemberg - um joalheiro conhecedor da arte da construção de moldes, e da fundição de ouro e prata, que no século XV cria uma Nova Arte de impressão, com caracteres móveis. Em 1448 regressa de Estrasburgo, onde estivera a aprender a arte gráfica, a Mainz - sua cidade natal, à beira do Reno, com o sonho de compor uma Bíblia - processo que se iniciou em 1450, e que só terá terminado cinco anos mais tarde. Chamaram-lhe a bíblia de 42 linhas, toda ela com letras góticas, assemelhando-se as suas ilustrações, ainda que em miniatura, aos vitrais das imponentes basílicas da cristandade. Até então, os livros eram escritos à mão, por monges, alunos e escribas, demorando cada um deles infindáveis meses a ser preparado, o que tornava o preço elevadíssimo, e inacessível à maioria das pessoas. Na altura, a nova arte de os imprimir terá provocado indignação, pois, para muitos, o livro que não saía da tinta de um monge escriba, transformava-se numa força subversiva, capaz de abalar a fé, e de reduzir a autoridade da igreja. Quem diria!?

Monday, April 21, 2008

À volta dos livros


A 1ª. sessão terá servido para aguçar o apetite. Na seguinte, fui encontrar mais gente ainda. Desta vez fomos contemplados não com um, mas sim dois oradores, que nos falaram um pouco mais, sobre Gonçalo M. Tavares – o escritor do momento, e o que mais prémios arrecada, uns a seguir aos outros. Assim, Ana Isabel Soares deslocou-se de Faro, da Universidade do Algarve, onde lecciona, e na sequência do que teria sido já dito anteriormente, veio dar-nos a sua opinião das pequenas histórias «dos senhores», associando-as a outras obras literárias, que o autor terá decidido reescrever, com o intuito de lhes encontrar um seguimento diferente, ou um outro epílogo. Segundo a mesma, não passariam de esboços, dos quais as ilustrações são aliás disso exemplo. Analisando novamente o Sr. Valéry, de quem quase me sinto já íntima, afinal ele não passa do resultado de um exercício mental, construído debaixo de um raciocínio lógico, que deambulará entre o romance e o conto, e a imagem e a narrativa.
Outra perspectiva veio dar-nos o Sandro, que nos chegou com um entusiasmo contagiante, do grupo de teatro Gaveta, de Portimão, onde terá encenado duas peças deste autor, com quem julgo ter tido já o privilégio de travar conhecimento. Volta a falar-nos no seu rigor, na disciplina e no método, nas infindáveis horas dedicadas à leitura, e na sua enorme capacidade de trabalho. E como se isto por si só não bastasse, ideias nunca lhe faltam, e a partir do inconsciente, foge aos moldes tradicionais, acabando por nos surpreender, com estas deliciosas personagens de contornos surrealistas, que mais não passam de ensaios, num bairro tão imaginário, como inexistente.
Para casa trouxemos Água, cão, cavalo, cabeça, dos livros pretos, de violência evidente, e que lhe terá valido o grande prémio de Conto Camilo Castelo Branco em 2006. No próximo dia 16 de Maio, às 21,30h, voltarei a estar presente na Biblioteca Municipal de Albufeira, para o derradeiro encontro, anterior à presença do autor, e aprender um pouco mais. Mal posso esperar!

Wednesday, April 16, 2008

A voz

A voz vive da arte dos sons, da colocação das sílabas, da combinação de fonemas, e dos sentidos de cada um. A linguagem é o território ao qual pertencemos, e dela pode depender a eficácia de um discurso, dum compromisso de honra, dum grito de protesto, ou do eco que permanece, após declarações mais polémicas. Cada voz tem a sua estrutura rítmica, a sua cadência, e tom próprio, que nos distingue uns dos outros. Sendo ela um dos veículos de transmissão de mensagens, considera-se o dia mundial da voz, um dos acontecimentos internacionais mais importantes, da área da otorrinolaringologia. A ideia desta ocasião é exactamente dar-lhe visibilidade, e sensibilizar, para que as pessoas cuidem melhor das suas vozes, através de cuidados simples, como prevenção de saúde. Além de implicar dinâmica, por parte de quem escuta, também é dela de que frequentemente nos fazemos valer, quando muitas vozes juntas acabam por, por vezes, fazer toda a diferença.

Sunday, April 13, 2008

Coroada de êxito


A última tertúlia deste ano lectivo, acabou de ter lugar, na nossa universidade sénior. Sempre esfusiante, a Zizi conseguiu trazer uma nova vitalidade, e sob um impulso isolado, soube aliciar-nos, através da sua aula de jograis, mobilizando-nos para uma outra dimensão lúdica. O convidado desta sessão foi o notável Dr. Manuel dos Santos Serra, que amavelmente se disponibilizou a conversar sobre a realidade dos seus livros. Médico, e amante de poesia, falou de forma incansável, saltando de tema em tema, ao mesmo tempo que percorria cada meandro, da teia da sua vida. Afinal, não somos senão aquilo que nos lembramos.
Após a pausa de férias, a viagem continua, com outros protagonistas, mas sempre sob o estilo próprio da Zizi, que na dianteira, assim vai tomando conta, e bem, dos dias de cada um de nós.


Wednesday, April 9, 2008

À margem


Uma das minhas memórias de infância tem a ver com banda desenhada. O meu pai que era poliglota mandava vir de fora livros aos quadradinhos, da Amazon daqueles tempos, e quando chegavam sentava-nos ao colo, todos empoleirados uns nos outros, traduzindo-nos do inglês aquelas pequenas histórias absolutamente originais, que na altura ainda não tinham chegado a Portugal, e faziam as nossas delícias. Devo confessar que o Bolinha, a Luluzinha, o Careca, a Aninha, o Alvinho e todo aquele pequeno grupo de crianças ali retratadas, que em nada tinham a ver com a nossa cultura, ou quotidiano, nos despertavam sorrisos, e por vezes as maiores gargalhadas. Tudo isto para demonstrar que o humor tem um só idioma, mas não só. Um dos episódios, que se repetia nas mesmas aventuras infantis com uma certa frequência, ao qual o meu pai achava particular graça, tinha a ver com o clube do Bolinha, no qual menina não entrava, de qualquer forma, ou jeito. E dali se desenrolava uma série de peripécias lideradas por aquela personagem única, trajando sempre o mesmo vestidinho encarnado, e cabelo aos canudos, de seu nome Luluzinha! Isto passou-se ficcionalmente há cerca de 50 anos atrás, e ainda hoje no Reino Unido a tradição se mantém com clubes de acesso exclusivo a homens! Transpondo para a nossa sociedade, e para a vida do dia a dia, decorridas todas estas décadas, também aqui, por vezes, sobretudo nos meios mais pequenos, distantes das grandes urbes, ou naqueles que crescendo depressa demais, não conseguiram que as mentes acompanhassem o ritmo do progresso, o ambiente será hostil, ou intimidativo. Ocasionalmente as mulheres ainda são postas de parte, ou as próprias se auto-excluem por falta de hábito, ou confiança nelas mesmas. Olhando para trás, e analisando a genialidade do criador da Luluzinha, reconheço que através da sua inteligência, e perspicácia em demonstrar que uma menina podia ser tão, ou mais esperta que qualquer rapaz, o autor fez dela uma figura ficcional, absolutamente pioneira do sexo feminino, na questão da igualdade de direitos!

Sunday, April 6, 2008

Charlton Heston 1924 – 2008



Aos 84 anos desapareceu a lenda de Hollywood Charlton Heston, que nos anos 50 e 60 se tornou famoso, em superproduções como Moisés, Miguel Ângelo, El Cid, ou Ben-Hur, que lhe valeu o Óscar de melhor actor em 1959. Com porte atlético, traços marcantes, e um timbre de voz ressonante notabilizou-se principalmente em papéis heróicos.
Na década de 1960 utilizou a sua fama para defender causas relacionadas com os direitos humanos, tendo acompanhado mesmo Martin Luther King durante a Marcha pelos Direitos Civis a Washington, em 1963, usando uma faixa onde se lia "Todos os homens nascem iguais".

Friday, April 4, 2008

Martin Luther King 15.01.1929 - 04.04.1968


Legado de esperança – A sua missão, como a de tantos outros, foi espinhosa. A religião para ele não foi senão uma outra forma de política, e a partir de determinada altura, o seu martírio parecia anunciado. De ampliadas qualidades, e dimensão espiritual transcendente, sonhou em mudar o mundo, com um discurso que não chegou a esgotar. Construindo ilusões, através de uma linguagem realista, uma a uma foi alcançando as pessoas, com um efeito absolutamente demolidor. A utopia marcou-lhe o destino, e faz agora 40 anos que nos deixou, com uma réstia de ânimo entre mãos.

«O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."

« ... Aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos ... »

«Eu tenho um sonho. O sonho de ver os meus filhos julgados pela sua personalidade, não pela cor de sua pele.»

«Se eu soubesse que o mundo acabaria amanhã, ainda hoje plantaria uma árvore.»

Martin Luther King Jr

Wednesday, April 2, 2008

Na estante

Duzentos anos depois da sua 1ª edição, os livros de Hans Christian Andersen continuam a fascinar, e a fazer parte do imaginário das crianças de todo o mundo. Autor de contos e fábulas, inspirados no mundo de fadas e duendes, e na tradição popular da Dinamarca, são disso exemplo O Patinho Feio, O Soldadinho de Chumbo, A Pequena Sereia, além de outros clássicos. Neste dia do seu aniversário que se institucionalizou de Dia Mundial do Livro Infantil pretende-se ajudar as crianças a descobrir o prazer da leitura, e a destacar a importância do livro como aprendizagem para a vida, contribuindo para o seu desenvolvimento intelectual.
A busca de conhecimento através da leitura deveria tornar-se uma prioridade, a ser incrementada logo na infância. Uma boa altura para introduzir livros que mostrem outras realidades sociais e culturais, que incluam temas polémicos, que contenham ensinamentos geográficos, ou históricos, e que até abordem assuntos complexos. Ler é também um óptimo exercício para os pais, ou avós, que no papel de contadores de histórias podem estimular o hábito da leitura, ao mesmo tempo que criam laços afectivos mais estreitos.

Tuesday, April 1, 2008

Suster a esperança

Tal como há seis meses, hoje tivemos que lá voltar. Num instante, tirámos a radiografia, logo pela manhã. Depois inscrevemo-nos para a consulta, almoçámos com a Maria e a Vanda (nossas amigas de outras aventuras), que é sempre um prazer rever, e esperámos pela nossa vez. Enquanto aguardávamos, página a página fui consumindo todo o Senhor Valéry, ou o que dele restava. Apesar de franzino, e meio despistado, deixei-me cativar pela sua originalidade, e brilhante mente! Até as suas crises de fígado, o tornam divertido e um verdadeiro sobrevivente! Tal como nós, outros aguardavam também pela vez. Uma meia dúzia deles, para ser mais precisa, entre os quais uma estrangeira loira, que reconhecemos doutras sessões, que apenas vinha buscar um medicamento, com muita urgência. O marido, que desta vez não a acompanhava, esperava em Sta. Bárbara de Nexe, por algo que lhe minimizasse as suas 2, ou quando muito 3 últimas semanas de vida.
Felizmente que a sorte nos continua a bafejar, e se tudo correr bem até lá, só em Outubro regressaremos! A determinação, sem dúvida que nos ajudou a criar a autoconfiança necessária, para fazer face às situações mais complicadas, sem nunca perder contacto com a paz.

Saturday, March 29, 2008

Alargar visões


Nasceu em Angola, cresceu em Aveiro, durante dez longos anos leu tudo o que havia para ler, até à exaustão, e escreveu ainda mais, sem contar nada a ninguém. Depois, repentinamente, resolveu publicar, tornando-se na revelação da nova geração da literatura portuguesa. Tudo isto registei sexta-feira feira à noite, acerca de Gonçalo M. Tavaresalvo de discussão, no primeiro dos 3 ciclos de leitura organizados pela Câmara Municipal. O ambiente magnificamente criado pela Paula foi deveras intimista, à luz de velas - um toque pessoal de felicitar, e entre o público presente de todas as idades, e a apresentadora do autor Luísa Monteiro, nada poderia ter corrido em mais perfeita sintonia. Para casa trouxemos um exemplar de «O Senhor Valéry» da edição Caminho, com ilustrações de Rachel Caiano, com o qual Gonçalo M. Tavares foi distinguido em 2002 com o Prémio Branquinho da Fonseca, pela Fundação Calouste Gulbenkian, e Jornal Expresso. Após leitura in loco de 4 das vinte e cinco breves histórias, que fazem parte de «O Senhor Valéry», este é apenas um de uma lista de outros senhores que se seguem, pertença de O Bairro, sempre à volta de curtos episódios lógicos, que se resumem a um excelente desafio de inteligência, à descoberta de como interpretamos os diferentes comportamentos humanos. No geral a noite agradou, e é com expectativa que aguardamos pela segunda sessão, no próximo dia 18 de Abril, no mesmo local, e à mesma hora – iniciativas da agenda mediática da Biblioteca Municipal, da máxima importância para o desenvolvimento cultural de Albufeira.


Thursday, March 27, 2008

No palco

O teatro apareceu no séc. IV a.C. na Grécia Antiga, na decorrência de festivais anuais em consagração a Dionísio - deus do vinho e da alegria. As primeiras formas dramáticas surgiram neste contexto, inicialmente com as canções dionisíacas, que aos poucos foram deixando as suas características ritualistas, para darem lugar às tragédias e comédias. Os actores usavam trajes de cores vivas, ao mesmo tempo que cobriam as caras com máscaras, que serviam para ampliar o som da voz, e para os tornar mais visíveis à distância. Todos os papéis eram representados por homens, pois não era permitida a participação de mulheres, que por sua vez eram acompanhados pelo coro - narradores da história que se movimentavam entre os actores e a plateia. As tragédias pretendiam levar à reflexão dos valores e do sentido da existência humana, enquanto que as comédias eram de crítica social, com o intuito de provocar o riso dentro da assistência. O espaço utilizado para as encenações, em Atenas, era apenas um grande círculo, mas com o passar do tempo, foram surgindo construções ao ar livre em encostas, que facilitavam o escalonamento das bancadas.
Na era medieval o teatro foi utilizado como veículo de propagação de conteúdos bíblicos, entrando em declínio a partir de meados do século XVI. Nesta altura Gil Vicente surge-nos como o pai do teatro português, quando da passagem da idade média para o Renascimento. Neste Dia Mundial do Teatro brindemos a esta tão nobre arte de representar.

Wednesday, March 26, 2008

Contagiante alegria

Tudo aquilo que a Marta possa um dia ter desejado, tem agora ao seu alcance. O pequenino Tomás tornou-se no centro da sua vida, e trouxe-lhe toda a paz e felicidade, que desfruta de momento. Ao contrário do resto dos demais mortais, que vivemos as nossas vidinhas mais agitadas que nunca, ela como que se refugiou num universo próprio, livre de preocupações e ansiedades, e cheio de esperanças no futuro, saboreando gestos e sorrisos, com todo o vagar do mundo.
Doce e suave, a verdadeira grandeza da Marta está na sua simplicidade, que merece a minha mais elevada amizade e estima. Que esta maravilhosa experiência, mantenha em profunda sintonia, o vínculo afectivo entre esta encantadora jovem mãe, e o seu mais-que-tudo recém-nascido.

Monday, March 24, 2008

O berço

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Ligado à fundação do Condado Portucalense, e a épicas lutas, o Castelo de Guimarães evoca todo o heroísmo que envolve o início da nossa História. Neste castelo terá nascido D. Afonso Henriques, que resistiu ao ataque das forças do rei Afonso VII de Leão, em 1127, voltando a derrotar no ano seguinte sua mãe D. Teresa, no campo de S. Mamede, nas imediações. Até finais do séc. XIV no castelo de Guimarães protagonizaram-se heróicos combates para a defesa da integridade do jovem reino de Portugal, abalado por questões dinásticas com Castela, que tornavam vulnerável a sua independência. O centro histórico de Guimarães, e o seu castelo foram classificados pela Unesco Património Mundial da Humanidade, informalmente eleito como uma das nossas 7 Maravilhas.

Sunday, March 23, 2008

Molhar os pés



Apesar de existir tanta no planeta, parece inacreditável, mas a água é um recurso limitado. A ciência demonstra-nos que a vida teve origem nela, e que está presente nas mais belas imagens da Terra. Não podemos sequer imaginar os nossos dias sem água, para beber ou cozinhar, para a higiene pessoal, para regar as plantas, ou simplesmente navegar. Aliás, quando apelamos à imaginação, nada se compara às ondas do mar, ao espelhado de um lago, a um rio cristalino, ou às gotas da chuva, para sentirmos a máxima paz e tranquilidade! Só tomamos realmente consciência da sua importância quando ela nos falta. Em mais um dia mundial da água utilizemo-la sem a desperdiçar.

Saturday, March 22, 2008

Pietà

Logo após a primeira lua cheia, depois do equinócio da primavera, eis que nos chega a Páscoa, quando aspiramos reintroduzir espiritualidade, no modo frio e materialista, com que nos habituámos a encarar as coisas. A paixão comporta uma vertente intelectualizada da fé, e explica-se com simplicidade e clareza a partir do coração. Afinal a cruz não é senão o caminho, ou o desígnio. A vida em si é toda ela uma cruz, em representação do esforço humano, e o sentido que lhe damos é um problema de vivência que pressupõe toda uma experiência de crença. Ele é o drama de toda a nossa existência, que nos surge de duas formas absolutamente antagónicas. A primeira quando se entrega, e depois como rei, quando rasgando as trevas transita para a luz, simbolizado pela ressurreição.

Thursday, March 20, 2008

Irresistível

Ela vai e vem, ano após ano. Romântica, perfumada, sensual, e absolutamente exuberante nas cores em que se apresenta. Os pássaros anunciam-na, e quando chega não passa despercebida. Por mais distraídos, dela não nos conseguimos alhear, pelo enorme fôlego de esperança que nos transmite. De olhos fechados visualizá-la-íamos em qualquer hora, ou qualquer lugar. Ninguém lhe fica indiferente, e se Vivaldi a imortalizou, Botticelli deu-lhe identidade através de uma figura alegórica repleta de beleza. Até nas maiores obras literárias como em Hemingway recebeu lugar de destaque. Mas é a Natureza quem a melhor retrata. Quando chega é para todos, e a sua luz intensa inunda-nos o mundo, explodindo fertilidade. Ainda que efémera, e apenas de passagem, ela está definitivamente aí. Bem-vinda seja a Primavera, e que ninguém deixe de a desfrutar ao máximo enquanto dura!

As árvores que nos inspiram

Pensa-se ter sido em 1827 no estado do Nebraska, nos Estados Unidos, que surgiu a ideia do dia da árvore, dedicado à divulgação dos seus benefícios. Em Portugal, foi em 1907 que pela primeira vez se realizou uma verdadeira festa de culto, à semelhança do que então já se fazia em muitos outros países, graças em parte à acção do jornal O Século. Esta comemoração que fora interrompida, viria mais tarde a ser reeditada, passando a dia mundial da floresta, a 21 de Março.
As árvores são verdadeiros símbolos da natureza, que nos enriquecem o património natural, reduzem o vento, e a poluição atmosférica, melhoram a regularidade das chuvas, e nos embelezam as cidades tornando-se no habitat perfeito para inúmeras espécies de aves. Através dos tempos sempre exerceram um fascínio sobre o Homem, sendo presença constante, em lendas e tradições pelo mundo fora. As árvores ultrapassam largamente os homens em dimensão, em altura e em longevidade, quase parecendo eternas.

À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim

António Ramos Rosa

Monday, March 17, 2008

Medo e fascínio


No outro dia voltei lá. Onde o mar nos molda a cultura, e faz qualquer um sentir-se pequenino diante da imensidão. Lá, mesmo no ponto mais ocidental da Europa, no grande promontório, onde mares dantes povoados de mistérios e visões fantásticas se cruzam, e a ligação da natureza com o Homem nos faz sentir mais perto de Deus! Património histórico repleto de experiência marítima, que a ciência, o imaginário, o movimento náutico, e a cartografia revolucionaram por completo. O lugar que imortaliza a memória do infante D. Henrique, através dum projecto ambicioso e idealista, de navegar mais longe. A escola de Sagres é a escola da vida - ponto de partida para todos os nossos sonhos!

Tuesday, March 11, 2008

Gente calorosa

No sábado passado a Atabueira foi cenário da festa de anos de Lurdes Cruz, que na sua casa concentrou muitos convidados, entre família que veio propositadamente de Lisboa, e colegas da universidade sénior.
O espaço foi perfeito para acolher todos quantos quiseram participar numa tarde informal, que teve início com um magnífico cocktail, e se revelou repleta de iguarias, e bastante animada. Eu adorei, e espero que tivesse sido uma iniciativa para repetir, apreciando toda aquela paisagem natural, e tendo como anfitriã a Lurdes.

Ver registo fotográfico em www.uatialbufeira.blogspot.com

Saturday, March 8, 2008

Alma de Mulher

Nada mais contraditório que ser mulher...
Mulher que pensa com o coração,
age pela emoção e vence pelo amor.
Que vive milhões de emoções num só dia
e transmite cada uma delas num único olhar.

Que cobra de si a perfeição e vive
arrumando desculpas para os erros,
daqueles a quem ama.
Que hospeda no ventre outras almas, dá à luz
e depois fica cega, diante da beleza dos filhos que gera.

Que dá as asas, ensina a voar, mas que não quer ver partir
os pássaros, mesmo sabendo que eles não lhe pertencem.
Que se enfeita toda e perfuma o leito,
ainda que seu amor nem perceba mais tais detalhes.

Que como numa mágica transforma
em luz e sorriso as dores que sente na alma,
só pra ninguém notar.
E ainda tem que ser forte para dar os ombros
pra quem neles precise chorar.

Feliz do homem que por um dia souber,
entender a Alma da Mulher!!!

Lucinete Vieira

Thursday, March 6, 2008

Um outro atractivo

Quando as grandes questões da existência me atormentam, e as dúvidas persistem, é lá que procuro refúgio. Por vezes, a encruzilhada da vida também se complica, e sem sinais de esperança, um a um vão-se apagando todos os meus sonhos. Entre os silêncios e a palavra, é lá que procuro resposta às minhas necessidades, e me permito encontrar o equilíbrio. É que a partir dele, tudo parece ganhar outra dimensão, como se de uma descoberta guiada se tratasse. A clareza da sua linguagem, a forma de se exprimir, a grandeza do seu espírito, tornou-se referência obrigatória, domingo após domingo. Ali a doutrina não se esvazia, e firme e absoluto, com sentido de missão, ele promove o diálogo com perícia, combatendo a consciência ligeira, e o adormecimento da actual sociedade. Com uma enorme capacidade de chegar aos outros, ele mobiliza, e acrescenta, sem nunca deixar de investir na interactividade com a comunidade. Todo o seu discurso é estruturado, pertinente, e vibrante de convicção. As palavras são acesas, e é de viva voz que nos cativa, por vezes elevando o tom. Orador magistral, e atento ao mundo que mudou, o seu papel é preponderante, quer nos gestos, quer na forma de comunicar, ou noutros ângulos de abordagem. O território é vasto, e os caminhos intermináveis. Em busca do sagrado, nesta viagem ao meu interior, a dinâmica da escuta leva-me às profundezas da alma, e acalenta-me de novo as expectativas. Para lá da justeza dos vocábulos, o padre César simplesmente desperta-nos para a vida, embalando-me os sentidos.

Wednesday, March 5, 2008

Saturday, March 1, 2008

Thursday, February 28, 2008

Irresistíveis paladares

A culinária de New Orleans é das mais ricas dos Estados Unidos, e oferece como principais tipos de cozinha, o cajun e o crioulo. Embora às vezes se confundam, as suas diferenças residem basicamente nas suas origens distintas. Estas manifestações gastronómicas constituem uma das mais estimulantes cozinhas do mundo, profundamente ligadas à história e cultura dos povos que colonizaram as margens do Mississippi, alguns de passagem rumo ao golfo do México. A cajun foi introduzida por imigrantes franceses, e seus descendentes, que adaptaram os seus pratos preferidos usando ingredientes locais, desenvolvendo uma culinária de subsistência baseada nos recursos naturais. Os índios da região trouxeram também a sua contribuição através do milho, da caça e dos produtos dos pântanos locais. Os pratos tendem a ser à base de andouille (chouriço), pato, aves, porco, e camarão e lagostim-de-água-doce, bastante condimentados, e servidos com arroz. Uma das suas características é a preparação da refeição num único caldeirão preto, o chamado "one pot meal" onde toda a família, ou mesmo uma comunidade se servem. Desses caldeirões saem molhos picantes, fricassés, sopas de tartaruga, e uma infinidade de refogados de vegetais da região adicionados de enchidos.
A culinária crioula foi desenvolvida por franceses e espanhóis, descendentes da aristocracia europeia, que por não serem os primogénitos, não tinham direito à herança das terras de família no velho continente. Geralmente eram lavradores ricos, e a sua cozinha tinha grandes aspirações. Adoptavam receitas francesas e espanholas, e o aproveitamento dos ingredientes locais acabou por produzir uma nova cozinha. A posterior chegada de imigrantes alemães ao Louisiana acrescentou à já rica culinária emergente toda a tradição germânica da charcutaria. Há dois tipos: o haute Creole, e o low Creole. Os primeiros são pratos com molhos delicados aos quais é dada uma atenção especial à apresentação, já os segundos consistem de feijão encarnado e arroz, e tendem a confundir-se com os pratos cajun. De um modo geral a comida crioula pode ser classificada como picante, e a cajun como bastante condimentada. Nos dois casos são usados com frequência carne de tartaruga e jacaré, cebola, cebolinha, cravo-da-índia, pimenta-de-caiena, salsa e outros. Os frutos do mar, em particular ostras, camarão e lagostins, utilizam-se ainda de todas as formas, e em várias combinações imagináveis. Um dos pontos definitivos na sua caracterização foi a inclusão de ingredientes africanos, e indígenas na sua composição. O quiabo, originário de África, passou a ser um verdadeiro símbolo da culinária crioula, e o nome da sua mais famosa sopa - o "gumbo". A maneira tradicional de o engrossar é com o roux (que significa vermelho ou ruço) e consiste de farinha de trigo “queimada” em óleo. É fácil traçar um paralelo entre alguns pratos clássicos franceses e espanhóis, e aqueles da cozinha crioula. Assim, os gumbos guardam semelhanças com a bouillabaisse marselhesa, e as jambalayas lembram as paelhas, embora o seu nome derive dos pedacinhos de presunto (jambon), que integram obrigatoriamente a receita. A influência francesa ainda é muito nítida no sul do Louisiana, e em nenhum outro lugar dos Estados Unidos é possível tomar ao pequeno-almoço café com leite e croissants! O gastrónomo interessado tem muito com que se divertir na cidade que segue à risca um de seus lemas "laissez les bons temps roulez", ou "let the good times roll"!


foto tirada no restaurante Ralph & Kacoo's em Baton Rouge, La (www.ralphandkacoos.com)

Sunday, February 24, 2008

SINAIS DE VIDA

Atraída por ela, atravessei fronteiras, e fui até ao seu encontro, ao mesmo tempo que esquecendo as horas, me lancei à descoberta de um mundo mais vasto, por vezes em exercício comparativo. Em viagem, o meu olhar ganha outro fôlego, e alonga-se nas pequenas coisas, tornando-se sensível à sonoridade. De cada ocasião a visão é diferente, e serve para me reencontrar através de novas memórias. Por mais de uma vez me inclino sobre o Mississippi, consumindo o rio de águas turvas, até à ultima gota. De atenção redobrada, parto à descoberta de New Orleans, em toda a sua complexa teia, cuja sequência fotográfica já aqui deixei registada. Impossível não destacar o colorido, a presença da música sem tempo, e os aromas crioulos. São estas cores e imagens, que retenho como um turbilhão de emoções. Num momento de viragem, o ano é certamente de incertezas. Desenvolvem-se discursos de alternativa, e lá como cá, esboçam-se promessas, constroem-se ilusões, e o melhor actor em palco colecciona seguidores. A minha preferência vai para a adrenalina da competição, e qualquer previsão, neste momento, é puramente especulativa! Uma vez cumprido o sonho, e quando a linha do horizonte se começa a esbater, lentamente me vou retirando de cena. Além de guardar o máximo prazer das paisagens, e de realidades culturais diferentes, nalgumas das quais não me revejo nada, traço caminhos de volta a casa. O que ficou? Diferentes interpretações do mundo, partilha de muitos afectos, e um pedaço de mim, que lá deixei, em estreita ligação com ela.

Friday, February 22, 2008

All that Jazz!

Monday, January 28, 2008

Travessia oceânica

SmileyCentral.comAmanhã romperei o ciclo, através de um ponto de passagem absolutamente obrigatório. Às vezes é necessário olhar para outro tipo de realidade, e assim, por umas semanas vou deixar de ouvir falar na ASAE, na CMVM, no BCP, ou do País que se joga em Lisboa, quando o que estará em causa será somente o Poder. Mas o verdadeiro, porque aqui tudo não passa de uma brincadeira. Afinal o mundo é um palco, e tudo se resume a uma encenação. E eu irei espreitar bastidores, jogos de estratégia, e tácticas eleitorais, para sustentar uma opinião através de novas descobertas, de outras sensibilidades, e interpretações muito mais longínquas. Mas, separados por milhares de quilómetros, como que por magia, estarei arredada, embora aqui!? Hasta la vista!

Thursday, January 24, 2008

Prazeres da Serra

Sempre que posso refugio-me lá. Apenas sigo os caminhos que ali me levam, repletos de curvas e contracurvas ladeadas de árvores frondosas, cujos tons da folhagem castanha e laranja, tão bem se identificam com a paisagem de Outono. Alcanço o miradouro junto à água da nascente, límpida e cristalina, e em pleno coração de Monchique deixo-me deslumbrar pela magnitude da vista. Continuo a escalada até Fóia, onde a paisagem ampliada me faz sentir a olhar o mundo, e me corta a respiração. Ao descer a encosta observo o parque eólico, e uma vez mais aproveito a pausa para me deliciar com a gastronomia regional na «Rampa». A beleza envolvente, e o vinho alentejano retêm-me um pouco mais. O brilho do sol imprime-lhe reflexos violeta, e a sua textura marcante parece bem combinar com aquele perfeito final de tarde. Digo adeus à infatigável Paula, e prometo voltar muito em breve, um destes dias.

Sunday, January 20, 2008

O album

O nó

Tal como uma princesa saída dum conto de fadas, surge-nos passo a passo, fulgurante e esbelta. Pelo braço do pai avança ao encontro do noivo, que transborda de alegria difícil de conter. Ao som de notas melódicas parte-se da igreja para o copo d’ água, que se prolonga até ao final do dia, enquadrado num cenário natural, com Sintra a perder-se de vista. É o início de uma nova caminhada a dois, e o compromisso com o amanhã, quando a vida passa a ser dividida. Felizes para sempre? Porque não?! Basta a vontade de cada um, saber sempre colocar-se no lugar do outro. À minha sobrinha Carolina, e ao André, brindo a um futuro risonho e duradouro.